A equipe médica do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) convocou uma coletiva de imprensa na manhã de ontem para descartar que dois pacientes internados em estado grave no setor de neurologia do hospital tenham a forma humana da doença da Vaca Louca. Segundo os médicos, os pacientes estão com Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), uma outra doença rara, que atinge uma pessoa em um milhão.
"Não há como esses pacientes terem sido infectados com carne contaminada de vacas com o Mal da Vaca Louca porque não viajaram à Europa nem tiveram contato com tecido infectado. E como não há casos de Vaca Louca no Brasil a possibilidade está descartada", explicou o professor João Rabelo, chefe do serviço de neurologia do HUOL.
Desde 2006, seis pacientes do HUOL foram diagnosticados clinicamente com a mesma DCJ, conhecida na literatura médica desde a década de 1920 e caracterizada por ser uma doença rara, que atinge uma pessoa em cada um milhão. Embora haja uma grande variação nas manifestações clínicas, ela geralmente é caracterizada por demência rapidamente progressiva, associada a contrações musculares involuntárias. "Ela degenera o cérebro. Chamamos doença priônica porque se caracteriza por um erro no metabolismo da proteína príon no cérebro, que provavelmente ocorreu por alguma mutação genética. A partir de uma alteração nessa proteína ela se acumula nas células nervosas e acaba incapacitando sua ação", explicou.
"Dos seis pacientes, o primeiro era natural de Martins, no interior do Estado, e faleceu em quatro meses. Os outros viveram um pouco mais, cerca de seis meses. Em todos os casos, inclusive nesses dois mais recentes, o HUOL adotou todo o protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde, tanto no que se refere à notificação quanto ao acompanhamento", destacou a enfermeira Luciana Melo, chefe do núcleo epidemiológico do hospital. O estado clínico dos dois pacientes internados no HUOL é grave e os familiares estão conscientes que os dois casos são irreversíveis.
A equipe médica que cuida deles écomposta por 18 profissionais: 6 professores, 10 residentes e três doutorandos. O primeiro paciente é um homem de 42 anos, que deu entrada há um mês na unidade, e está em coma. A segunda é uma mulher, de 31 anos, que internou-se há uma semana. Detalhes pessoais nem bairros onde moram foram divulgados, para preservar as famílias. "Os pacientes normalmente chegam com dificuldade de locomoção, perda de memória, tremores, crises convulsivas e demência. Depois a tendência é piorar. Infelizmente a doença é fatal e, depois de seis meses, vêem a óbito", esclareceu Rabelo. A equipe médica trabalha com isolamento de contato", ressaltou o diretor do hospital, Ricardo Lagreca.
"Sempre pensamos na doença priônica com quadro progressivo. As famílias já têm ciência de que a doença é incurável, e o tempo de sobrevida é de normalmente um ano", disse outro neurologista, Clécio Godeiro Júnior. (Diário de Natal/Cidades/24/08/2011)
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